domingo, 19 de setembro de 2010

Mono-cultura, Aprenda a evitar problemas causados Por ela

Opções de plantas de cobertura para áreas produtoras de silagem


A monocultura tem sido um problema geral na agricultura brasileira. Em algumas regiões há a monocultura de soja e em outras a monocultura do milho, caso típico de boa parte do Estado de Minas Gerais. No caso de muitas propriedades produtoras de leite, o problema ainda é maior, pois não tendo áreas suficientes para rotação de culturas, muitos produtores de leite produzem milho para silagem ano após anos. Para piorar a situação, após a colheita da safra de silagem, alguns produtores implantam outra safra de silagem (milho ou sorgo).

Além dos problemas normais causados pela falta de rotação de culturas, como aumento de pragas e doenças e dificuldades adicionais no controle de ervas (gramíneas), existem no caso da silagem outros inconiventes. Podem-se ser citados problemas de ordem física (muita compactação do solo, devido à colheita com solo úmido), problemas de ordem química e biológica (retirada de muitos nutrientes e perda da matéria orgânica do solo, dentre outros fatores).

Tradicionalmente, em áreas de silagem colhe-se o milho, coloca-se o gado na palhada e próximo ao início da época chuvosa iniciam-se os trabalhos de preparo do solo para plantio da próxima safra. Geralmente, é realizada primeiramente a aração ou gradagem pesada, seguida de grade niveladora até quebrar todos os torrões do solo, plantio do milho e adoção dos demais tratos culturais quando necessários.

Na busca de amenizar os problemas causados por esse manejo, o produtor pode optar em colocar uma cultura para cobrir o solo o restante do ano em que ele não é cultivado. Ou seja, colhe-se o milho para silagem entre fevereiro e março e imediatamente após sua colheita, faz a implantação de cultura de cobertura. Se a colheita da silagem causar compactação do solo, deve-se romper a camada compactada com uma subsolagem e/ou escarificação do solo, para posteriormente semear a cultura de cobertura (aveia, girassol, nabo ou milheto).

Para redução dos custos, geralmente não se faz nenhuma adubação dessas áreas, a menos que esteja sendo feita a implantação de cultura de safrinha, como feijão, sorgo ou girassol. A seguir, serão apresentadas as características gerais de algumas das principais plantas de cobertura, que tem sido usada com sucesso em algumas propriedades assistidas pelo Rehagro:

Milheto
O milheto tem se destacado pela grande tolerância a déficits hídricos, sistema radicular agressivo e alto potencial produtivo de massa e grãos. Além disso, tem possibilidade de ser utilizado em sistemas de integração agricultura-pecuária como pastejo. Nesse caso, pode-se fazer um primeiro pastejo, deixando a rebrota como palha para o solo.

Apesar de o milheto tolerar solos relativamente pobres em nutrientes, ele responde bem à adubação. Um dos principais fatores que tem limitado sua implantação com sucesso em algumas regiões brasileiras é a baixa temperatura do solo e do ar, em certas épocas do ano (no sul do Brasil, por exemplo). Para uma boa germinação das sementes, a temperatura média do solo deve ser superior a 20ºC. Além disso, deve haver umidade suficiente para a emergência das plântulas.

Em locais com temperaturas do solo muito abaixo de 20ºC, as sementes não germinam. Temperaturas do ar baixas durante o desenvolvimento da cultura também impedem o desenvolvimento vegetativo e, conseqüentemente, a produção de massa. Deve ser ressaltado que o milheto também não resiste a geadas e a solos encharcados.

Dessa forma, a melhor época para sua semeadura em áreas de silagem, pensando-se no recobrimento do solo durante boa parte do ano, é imediatamente após a retirada da silagem (fevereiro/março) para aproveitar as últimas chuvas e haver possibilidade de germinação da cultura. Embora baixas temperaturas durante o inverno possam retardar o desenvolvimento da cultura e diminuir a produção de massa em alguns casos, o solo estará coberto e melhor estruturado para suportar as primeiras chuvas de verão.

O plantio tardio do milheto, aliado às baixas temperaturas do inverno/falta de chuva tem sido os principais responsáveis pelo insucesso de alguns produtores, que deixam de acreditar nos benefícios do milheto, como planta de cobertura. Quando o milheto é semeado muito tardiamente não ocorre germinação, a qual virá ocorrer, muitas vezes após o plantio do milho, trazendo aumento dos custos do controle de plantas daninhas na cultura.

Esse fato tem sido observado no campo em muitas áreas de cultivo, principalmente quando há atraso das chuvas de verão e os produtores não esperaram tempo suficiente para germinação da cultura para efetuar a dessecagem e a semeadura do milho. Isso pode ser evitado com plantio mais cedo do milheto e com espera de chuvas em quantidade satisfatória para sua germinação, antes da dessecagem.

Área de milheto, implantado após colheita de silagem de milho, na região de Sete Lagoas, MG.

Aveia
A aveia preta tem sido a base da semeadura direta em muitas lavouras do sul do país, mas pode ser inviável nos invernos secos de grande parte do cerrado, a menos que haja disponibilidade de irrigação. Nessa condição, principalmente, em áreas de abertura, outras espécies como o milheto, braquiárias, sorgo tem grande potencial e devem ser avaliadas.
De forma generalizada, em lavouras irrigadas o prazo de semeadura de aveia na região central do Brasil varia de abril a junho. No caso das lavouras de sequeiro, o principal limitante é a disponibilidade de água. Dessa forma, em algumas áreas, como o Sul de Minas, a semeadura deve ser feita entre os meses de março a abril. Nas regiões mais secas (cerrado) existe pouca probabilidade de sucesso dessa cultura, sem irrigação. As quantidades de sementes por hectare dependem da cultivar e da pureza do material.

Cultura da aveia (cultivar São Carlos) em área irrigada da Região de Sete Lagoas, MG.

Braquiárias

Da mesma forma como para o milheto, em lavouras de sequeiro o prazo máximo para semeadura da braquiária é final de março. No caso da semeadura consorciada com lavouras de milho, semeadura da braquiária pode ser feita na semeadura do milho (junto com adubo, feito no dia da mistura) ou a lanço cerca de 10 a 15 dias de semeadura. Quanto mais próximo da semeadura do milho for a semeadura da braquiária, maior será a chance de sucesso do consórcio, no entanto, mais competição haverá com a cultura do milho, podendo reduzir sua produtividade. As quantidades de sementes por hectare dependem da cultivar e da pureza do material e germinação.
Área de braquiária após dessecagem, antes da semeadura do milho, na região de Alfenas, MG.

Girassol
Em lavouras de sequeiro o prazo máximo para semeadura é final de março. Em lavouras irrigadas o mesmo pode estender até abril-maio. As quantidades de sementes por hectare dependem da cultivar, mas geralmente recomenda-se trabalhar com 45.000 a 60.000 plantas/ha. A semeadura é feita com plantadeiras, tomando-se o cuidado de efetuar o enterrio das sementes no máximo a 2-3 cm. O espaçamento entre linhas mais recomendado é 70 a 80 cm. Em áreas com muitos problemas com ervas daninhas deve-se fazer uma boa dessecagem antes do plantio, pois existem poucas opções de herbicidas. Para áreas de silagem, que serão subsoladas, há possibilidade de se trabalhar com herbicidas de pré plantio incorporado.
Atualmente, tem aumentado o cultivo de girassol, principalmente em áreas em que foi retirado milho para silagem e/ou áreas de milho grão precoce. Isso porque a maior possibilidade de sucesso da cultura ocorre quando a semeadura é feita entre fevereiro e março. A finalidade do girassol tem sido produção de grãos para venda direta às empresas que fabricam óleo. Assim, além de fornecer uma boa quantidade de matéria seca para se fazer a semeadura direta no final do ano, tem gerado renda ao produtor.

Área de implantação de girassol em fevereiro, na região de Uberaba, MG.

Nabo Forrageiro
De forma análoga à aveia, em lavouras irrigadas o prazo de semeadura na região central do Brasil varia de abril a junho. No caso das lavouras de sequeiro, como o Sul de Minas, a semeadura deve ser feita entre os meses de fevereiro a abril. Nas regiões mais secas (cerrado), deve-se efetuar a semeadura até o mês de março, antes das últimas chuvas. As quantidades de sementes por hectare dependem da cultivar e da pureza do material.

Ressalta-se que tem crescido muito o uso de nabo forrageiro em áreas de sequeiro de todo o estado de Minas. O principal motivo para esse crescimento tem sido o baixo custo de implantação das lavouras, facilidade de implantação e manejo e o rápido desenvolvimento inicial, mesmo com pouca chuva.

Deve-se relembrar que tanto o girassol, como o nabo são hospedeiros do fungo Sclerotinia esclerotiorum, causador do mofo branco no feijão. Assim, quando se pensa no cultivo do feijão, deve-se evitar o uso dessas duas culturas. De qualquer forma, para todo produtor vale um conselho: sempre trabalhar com sementes de boa qualidade.

Cultura do nabo forrageiro, implantada após silagem, na região de Oliveira, MG.

Manejo das plantas de cobertura, antes da semeadura do milho

De forma geral, o manejo das plantas de cobertura baseia-se na dessecagem, na época de florescimento (grão leitoso). Dependendo da situação da propriedade, pode-se efetuar a roçada da área, seguida de dessecagem após rebrota. É muito importante fazer o acompanhamento das culturas e monitorar a eventual presença de pragas e caso necessário efetuar o controle, principalmente de lagartas evitando que essas infestem a próxima cultura por ocasião do plantio.

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