quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Melhoramento genético, CRUZAMENTO vs SELEÇÃO

CRUZAMENTO vs SELEÇÃO

O fato de o cruzamento se constituir em uma forma rápida, e muitas vezes econômica, de produzir carne bovina, não elimina a necessidade, nem diminui a importância, da seleção como método de melhoramento genético a ser realizado concomitantemente. Raças puras melhoradas são, na verdade, elementos fundamentais ao sucesso do cruzamento.

A seleção, além de fundamental na melhoria das raças puras, tem de ser componente essencial em um programa de cruzamentos. Cruzamento sem seleção resultará em vantagens facilmente superáveis pela seleção em raça pura (Fig. 1).


FIG. 1. Ilustração mostrando as tendências de desempenho em populações puras e mestiças relacionadas ou não e, a combinação de cruzamentos e seleção após o nível inicial de heterose ter sido atingido pelo cruzamento. Adaptado de Warwick & Legates (1979).

Continue lendo >>

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Melhoramento genético, VANTAGENS E DESVANTAGENS

VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS DIFERENTES
TIPOS DE CRUZAMENTOS
Cruzamento rotacionado - este sistema de cruzamento atende às condições necessárias ao bom uso de cruzamentos, no entanto, verifica-se em nosso meio, evidências de sucesso limitado com este sistema; possivelmente em razão da variação entre gerações em termos de requerimentos nutricionais e de manejo. Isto se deve, principalmente, ao fato de que muito recentemente a maioria absoluta dos cruzamentos no Brasil envolvia uma raça zebuína, predominantemente a Nelore, e uma raça européia de grande porte e/ou maior produção leiteira. O resultado deste procedimento é que gerações subseqüentes, dependendo do maior ou menor "grau-de-sangue" de raça européia apresentam maior ou menor requerimento nutricional que a geração anterior. Variações semelhantes podem ocorrer em termos de manejo de diferentes gerações. Isto, além de causar transtornos de manejo, causa variações na produtividade, ou seja, promove variação nos níveis de desempenho de vacas e bezerros.

Uso de touros F1 - a utilização deste esquema de cruzamentos, quer seja em sistema de cruzamento simples, quer seja em sistema rotacionado, resultará em nível de heterozigose inferior àqueles obtidos com reprodutores puros. No entanto, para condições onde o uso de inseminação artificial não é aconselhável ou desejável, e a utilização de monta natural com touros europeus puros é inviável, sua utilização pode ser apropriada. Além disto, possibilita uso máximo de heterose para fertilidade de machos superando problemas de baixa libido e avançada idade à puberdade, comuns em raças indianas. É de fácil manejo, flexível quanto a troca de raça européia para eventuais ajustes para adaptação às condições de mercado ou de produção.

Formação de populacões compostas - o desenvolvimento de programas de cruzamento com este objetivo teve grande impulso há 4-6 décadas, e hoje tem sido retomado dentro de uma nova visão, e com novas bases, em função de evidências experimentais obtidas, principalmente pelo MARC em Nebraska, USA. Tais resultados confirmam que, em gado de corte, a retenção de heterose está associada à retenção de heterozigose. Assim, raças constituídas pela combinação de outras, também poderiam reter altos níveis de heterose, tanto materna quanto individual. Possivelmente, haverá ainda, como benefício adicional, heterose para fertilidade de machos. Esta opção é uma alternativa à complexidade apresentada pelos cruzamentos rotacionados. Após a formação da população composta desejada, o manejo é idêntico àquele para rebanho puro e, como tal, pode ser também utilizado em pequenos rebanhos.

É importante salientar, no entanto, que para se evitar consangüinidade na população formada e, manter altos níveis de heterozigose, faz-se necessário ampla base genética para cada uma das raças envolvidas, ou seja, os representantes de todas as raças envolvidas na formação da composta devem ser animais provenientes ou filhos de um grande número de touros geneticamente diferentes.

Cruzamento terminal - também chamado cruzamento industrial, possibilita uso máximo da heterose e da complementariedade. Além disto, viabiliza grande flexibilidade na escolha da raça terminal, o que garante rápidos ajustes a demandas de mercado ou a imposições do sistema de produção. É um esquema vantajoso para produção de animais a serem terminados em condições favoráveis, principalmente no que se refere a alimentação, como pastagens de boa qualidade ou confinamento, uma vez que este cruzamento resulta em animais que apresentam altas taxas de ganho e altos pesos à terminação. No entanto, pelo fato de se abater fêmeas, é de aplicação limitada na pecuária como um todo. Além disto, é importante, neste caso, ressaltar que apesar de o uso de fêmeas F1 possibilitar usufruir dos benefícios da heterose materna, ao se utilizar estas fêmeas para acasalamento com touros terminais, faz-se necessário manter parte do rebanho total de fêmeas como rebanho puro. Isto tem a finalidade de produzir fêmeas de reposição, tanto para produção das F1s quanto para a substituição das puras.

Rotacionado terminal - neste caso, 45-50% das fêmeas são acasaladas em um sistema rotacionado com a finalidade de se produzir fêmeas de reposição. As fêmeas restantes, as mais velhas, são acasaladas com touro terminal. Este esquema combina as vantagens de altos níveis de heterose do sistema rotacionado com as vantagens da complementariedade advindas do touro terminal. É, no entanto, um esquema complexo, exigindo grande capacidade gerencial e boa mão-de-obra.

Continue lendo >>

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Melhoramento genético, SISTEMAS DE CRUZAMENTO

SISTEMAS DE CRUZAMENTO

Tecnicamente, um sistema de cruzamento ideal deveria preencher os seguintes requisitos: a) permitir que as fêmeas de reposição sejam produzidas no próprio sistema. Isto porque a aquisição de fêmeas de outros rebanhos, que não possuam um bom programa de seleção, poderia introduzir material genético de pior qualidade. A seleção das raças puras e dos mestiços é componente importante no cruzamento como será discutido mais à frente; b) possibilitar o uso de fêmeas mestiças. Isto se deve ao fato de que a heterose combinada resulta em incremento na produção de quilogramas de bezerros desmamados; c) explorar efetivamente a heterose; d) não interferir com a seleção; e) possibilitar que tanto machos quanto fêmeas sejam adaptados ao ambiente onde eles e suas progênies serão criados.

Basicamente os cruzamentos podem ser classificados em três sistemas: i) cruzamento simples; ii) cruzamento contínuo; e iii) cruzamento rotacionado ou alternado.

i) Sistema de cruzamento simples - é definido como sendo o acasalamento envolvendo somente duas raças com produção da primeira geração de mestiços, os chamados F1. Não há continuidade, machos e fêmeas são destinados ao abate. Neste caso, há necessidade de que parte do rebanho de fêmeas seja mantido como rebanho puro para produção de fêmeas de reposição, tanto para o próprio rebanho puro quanto para aquele que produzirá os mestiços. Neste caso, a proporção do rebanho total de fêmeas que deve participar do cruzamento é importante para que se possa promover seleção. Caso contrário, estas fêmeas têm de ser adquiridas de outros criadores. O esquema deste cruzamento é mostrado na Tabela 1.

ii) Cruzamento contínuo - também chamado de cruzamento absorvente, tem a finalidade de substituir uma raça ou "grau de sangue" por outra, pelo uso contínuo desta segunda. Produz animais conhecidos como "puros por cruza" ou PC. O esquema deste cruzamento pode ser encontrado na Tabela 2.

iii) Cruzamento rotacionado ou alternado contínuo - é aquele em que a raça do pai é alternada a cada geração. Pode ser de duas ou mais raças. Neste caso, é importante que as raças sejam semelhantes para algumas características como tamanho corporal e produção de leite por razões que serão discutidas mais à frente e se relacionam com adequação do genótipo ao ambiente geral. As Tabelas 3 e 4 contêm os esquemas de cruzamentos rotacionados de duas e três raças, respectivamente.

TABELA 1. Esquema de cruzamento simples, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
Composição genética (%)
Pai
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
B
A
B
(%)
100
100
50
50
100

* percentagem esperada

TABELA 2. Esquema de cruzamento contínuo, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
Composição genética (%)
Pai
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
A
B
A
B
(%)
100
-
100
50
50
100
100
50
50
75
25
50
100
75
25
87
13
25
100
87
13
94
6
13
100
94
6
97
3
6
100
97
3
98
2
3
100
98
2
99
1
2

* percentagem esperada

TABELA 3. Esquema de cruzamento rotacionado de duas raças, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
Composição genética (%)
Pai
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
B
A
B
A
B
(%)
100
-
100
50
50
100
100
50
50
25
75
50
100
25
75
63
37
75
100
63
37
31
69
63
100
31
69
66
34
69
100
66
34
33
67
66
100
33
67
67
33
67
100
67
33
33
67
67

* percentagem esperada

TABELA 4. Esquema de cruzamento rotacionado de três raças, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
Composição genética (%)
Pai
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
B
C
A
B
C
A
B
C
(%)
100
100
50
50
-
100
100
50
50
25
25
50
100
100
25
25
50
12
62
25
75
100
12
62
25
56
31
12
88
100
56
31
12
28
16
56
88
100
28
16
56
14
58
28
84
100
14
58
28
57
29
14
86
100
57
29
14
29
14
57
86

* percentagem esperada

Cada um destes sistemas de cruzamento pode apresentar variações, sendo as mais importantes discutidas a seguir:

A dificuldade de se implementar um bom programa de inseminação artificial em muitas propriedades, induz a estratégias que possibilitem o uso de monta natural. Neste caso, pode-se distinguir dois tipos: a) uso de touros F1, e b) uso de touros puros de raças européias em monta natural, alternando-se a raça do reprodutor a cada dois ou três anos. Um terceiro tipo pode ser representado ainda, pelo uso de touros de raças compostas.

O primeiro caso pode se enquadrar tanto no sistema simples quanto no rotacionado (Tabela 5). Neste caso, como em qualquer situação onde se busca melhoria genética, a avaliação correta dos indivíduos a serem utilizados como reprodutores, quer seja para os aspectos produtivos, quer seja para os reprodutivos, é de extrema importância para garantir o sucesso do empreendimento.


TABELA 5. Esquema de um sistema de utilização de touros F1 em um cruzamento rotacionado, composição genética dos pais e progênie, e percentagem esperada de heterozigose.
Composição genética (%)
Pai*
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
B
C
A
B
C
A
B
C
(%)
100
100
50
50
-
100
50
50
50
50
50
25
25
75
50
50
50
25
25
50
38
12
62
50
50
50
38
12
50
19
31
69
50
50
50
19
31
50
34
16
66
50
50
50
34
16
50
17
33
67
50
50
50
17
33
50
33
17
67
* percentagem esperadaQuanto ao segundo caso, uso de touros de raças européias em monta natural, o problema maior reside nas dificuldades de adaptação desses animais às nossas condições, lembrando que sua utilização seria feita na época quente do ano, e, de aquisição de animais em quantidade e qualidade necessárias ao sucesso do programa.

Um outro tipo de cruzamento é o cruzamento terminal - que caracteriza-se pelo abate de machos e fêmeas oriundos do cruzamento; e se constitui em um esquema de acasalamentos que pode participar tanto do sistema de cruzamento simples quanto do rotacionado. No primeiro caso, todos os produtos F1 seriam abatidos, constituindo-se no próprio cruzamento simples, enquanto que no segundo, parte das fêmeas, as mais novas, seriam mantidas em um sistema rotacionado, e as outras seriam acasaladas com um touro terminal. Estes últimos produtos seriam todos abatidos. Este tipo de cruzamento tem o objetivo de utilizar vantagens de rápido crescimento e boa taxa de conversão. Isto porque, em cruzamentos terminais, utilizam-se normalmente como touro terminal animais de raça de grande porte.

Formação de populações compostas - este tipo de cruzamento pode envolver duas ou mais raças (Tabelas 6 e 7). Após a formação da raça Santa Gertrudis, este tipo de cruzamento se expandiu seguindo sempre a mesma linha desta primeira, iniciando-se como um cruzamento rotacional, e a partir de determinado "grau-de-sangue", normalmente 5/8 europeu - 3/8 zebu, estabelecendo-se o chamado cruzamento inter se ou bimestiçagem, que consiste no acasalamento de machos e fêmeas do mesmo grau de sangue. Várias raças, além da Santa Gertrudis, foram formadas dentro desta concepção, como Ibagé, Canchim, Pitangueiras, Brangus, Belmont Red e várias outras.

TABELA 6. Esquema de cruzamento para formação de população composta envolvendo três raças, composição genética dos pais e progênie, e percentagem esperada de heterozigose.
Composição genética (%)
Pai*
Mãe*
Progênie*
Heterozigose*
A
B
C
A
B
C
A
B
C
(%)
100
100
50
50
-
100
100
100
50
50
100
50
50
50
50
50
25
25
75
50
25
25
50
25
25
50
25
25
62
* percentagem esperadaA discussão destes esquemas de cruzamento não pretende ser exaustiva nem apresentar todos os tipos possíveis, uma vez que várias combinações podem ser criadas para atender a situações particulares. O que se pretende é discutir alguns esquemas que vêm sendo, de uma forma ou de outra, mais utilizados. TABELA 7. Esquema de cruzamento para formação de uma população composta envolvendo quatro raças, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
Composição genética (%)
Hetero-
Pai*
Mãe*
Progênie*
zigose*
A
B
C
D
A
B
C
D
A
B
C
D
(%)
100
100
50
50
100
100
100
50
50
100
50
50
50
50
25
25
25
25
100
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
75

* percentagem esperada

Como mencionado anteriormente, não existe nenhum sistema ou tipo de cruzamento que seja adequado a qualquer situação. Vários são os fatores que devem ser considerados quando da decisão de cruzar. Cada tipo de cruzamento mencionado apresenta suas vantagens e desvantagens, que, associadas a vários outros fatores de decisão, poderão nortear o produtor.

Continue lendo >>

Kontxt float

kontext intex

  ©MUNDO WEB ANIMAL - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo