Melhoramento genético, cuidados ao fazer em um parto de um bezerro
Melhoramento genético, cuidados ao fazer em um parto de um bezerro Parte da sustentabilidade da atividade leiteira depende de uma criação adequada de bezerras, onde a recria é normalmente o segundo item de custo em uma fazenda. Entretanto, por não proporcionar uma rentabilidade imediata ao produtor esta fase de criação muitas vezes é negligenciada. O colostro de qualidade pode ser retirado das vacas e congelado em frascos devidamente higienizados. Esse procedimento visa a atender casos em que bezerros são impossibilitados de receber a primeira mamada da própria mãe ou de outro animal. Dessa forma o recém-nascido receberá a proteção que precisa para garantir um desenvolvimento saudável.
Cuidados simples e básicos são fundamentais para o sucesso desta fase de criação. Os principais pontos abordados são focados na redução dos desafios e no aumento da resistência dos animais.
Um bom manejo de bezerros começa na escolha do touro a ser utilizado. Durante a gestação, deve ser realizado um bom manejo e alimentação adequada. As instalações devem estar limpas e secas; sempre realizando desinfecção do ambiente entre os partos. Quando necessário, o auxílio ao parto deve ser feito de forma higiênica, utilizando luvas de toque e solução anti-séptica.
Limpeza do neonato:
Logo após o nascimento, devem-se limpar as mucosas do nariz e da boca de modo a remover as membranas que possam prejudicar a respiração. Esta limpeza é importante para estimular circulação e aquecer o animal. Este procedimento deve ser feito pela vaca, ou por um funcionário, caso o bezerro seja separado da vaca logo após o nascimento.
Higiene do ambiente:
As bezerras nascem com a resistência às doenças muito baixa, pois a placenta da vaca não permite a passagem de anticorpos para o feto. Portanto, é preciso que o ambiente seja um local limpo, seco e bem ventilado, reduzindo assim o desafio.
Fonte: Arquivo ReHAgro
Cura de umbigo:
O umbigo é uma importante porta de entrada de bactérias para o corpo da bezerra. As infecções umbilicais podem causar diversas consequencias, tais como: pneumonias, diarréias, artrites, abscessos hepáticos, meningite e outras. Portanto, a cura de umbigo deve ser eficiente para secar o coto umbilical com rapidez.
Fonte: Arquivo ReHAgro
Deve-se cortar o umbigo, apenas se ele estiver muito grande e haja o risco de o bezerro pisar e romper o mesmo. Deve-se amarrar o coto umbilical somente em caso de hemorragia intensa. O procedimento mais recomendado para a cura é a imersão completa do cordão umbilical com tintura de iodo 7 a 10% por 2 minutos. Esse procedimento deverá ser repetido 2 vezes ao dia até a sua completa cicatrização. O uso de produtos onde a secagem do umbigo não é favorecida e a ação repelente se acaba em poucas horas, expondo o bezerro a moscas, miíases e possíveis infecções, não é recomendado.
Veja na figura abaixo as conseqüências mais comuns de infecções umbilicais.
Colostragem
O colostro é a secreção da glândula mamária produzida no período imediato após o parto. É rico em nutrientes essenciais neste momento de vida. O seu efeito imunológico é devido ao alto teor de anticorpos que são absorvidos integralmente pelo intestino do bezerro. Os anticorpos são proteínas de alto peso molecular, que fazem parte de um complexo sistema de defesa, que combate agentes infecciosos de natureza variada. Como durante a gestação não há passagem de anticorpos da vaca para o feto através da placenta, o neonato depende do colostro para adquirir resistência às doenças perinatais, até que ele seja capaz de produzir a sua própria defesa.
É extremamente importante que o bezerro ingira o colostro o mais rápido possível - antes de 6 horas de nascimento, 100 mL de colostro/kg de peso vivo nas primeiras 24 horas de vida e durante 2 a 3 dias após o nascimento. Os anticorpos são absorvidos pelo intestino até somente 24 horas após o parto, sendo que nas primeiras 6 horas esta absorção se dá de maneira mais eficaz.
• Qualidade do colostro
A qualidade do colostro está relacionada à quantidade de anticorpos presentes nele. O ideal é que o colostro tenha uma alta concentração e grande variedade de anticorpos para que estas possam ser passadas ao bezerro. Um colostro rico é, normalmente, espesso e cremoso. A qualidade do colostro pode variar conforme o animal, estado nutricional da vaca no pré-parto, duração do período seco ou parto prematuro e raça da vaca.
Vacas de primeira cria fornecem um colostro de qualidade inferior. Isto ocorre pelo menor contato com os vários tipos de microorganismos. Não se deve fornecer colostro com sangue, oriundo de vacas com mastite ou de vacas “vazando leite” antes do parto.
A qualidade pode ser medida com uso do colostrômetro, instrumento prático e eficiente que mostra, por meio da densidade, a concentração de imunoglobulinas (célula de defesa) presentes no colostro. Uma amostra de colostro retirado da vaca recém-parida e analisada com auxilio deste instrumento pode ajudar a informar quando o colostro é de boa qualidade.
A qualidade é avaliada em três categorias: vermelha, que é o colostro ruim com até 20 mg/ml de IgG; amarelo, colostro intermediário, que varia de 21 a 50 mg/ml e verde, que é o colostro de alta qualidade, com mais de 51 mg/ml de IgG. Com o lactodensímetro são utilizados os seguintes parâmetros: até 1,034, colostro ruim; de 1,035 a 1,046, colostro intermediário e acima de 1,047, colostro de alta qualidade.
Toda vaca recém-parida deve ser ordenhada o mais rápido possível, para que não haja redução do conteúdo de anticorpos por diluição.
Colostômetro Lactodensímetro
• Fornecimento
O método de fornecimento de colostro possui um grande impacto na eficiência de absorção de anticorpos e, consequentemente, na saúde, desempenho e sobrevivência de bezerros. Um estudo recente mostrou que o fornecimento de colostro através da mamadeira, observando-se a qualidade, o horário de fornecimento e a quantidade de colostro fornecida, mostrou-se ser um método mais eficiente do que deixar com que o bezerro mame na vaca. É possível observar menor eficiência de “colostragem” quando os bezerros são deixados mamar na vaca em relação a mamadeiras ou sondas esofágicas. A menor eficiência, provavelmente, está relacionada ao maior tempo gasto pelos bezerros para ingerir a quantidade adequada de colostro em relação à mamadeira. Além disso, quando é permitido ao bezerro mamar na vaca, não há o controle efetivo da qualidade e/ou quantidade de colostro que foi ingerida pelo bezerro.
Fonte: Arquivo ReHAgro
Todos esses fatores contribuem pra uma menor eficiência do método “natural” em relação ao uso de mamadeiras. Importante ressaltar que o uso de mamadeiras requer mais uso de mão-de-obra treinada para fornecimento do colostro, lavagem e desinfecção de mamadeiras. No entanto, com o adequado treinamento e conscientização das pessoas envolvidas no processo, os benefícios advindos compensam os maiores gastos.
Através da sonda esofágica, também é possível controlar o tempo decorrido entre o nascimento e a ingestão de colostro. A colostragem por sonda ainda permite definir a quantidade de colostro que se quer ministrar ao bezerro. No entanto, esse método só deve ser utilizado por pessoas muito bem treinadas, evitando os riscos da passagem errônea da sonda e a entrada de colostro no pulmão. Uma desvantagem deste método é a passagem do colostro diretamente para o rúmen, atrasando em 2 a 4 horas sua chegada ao intestino delgado, onde ocorre a absorção dos anticorpos.
Fonte: Arquivo ReHAgro
• Banco de colostro
Fonte: Arquivo ReHAgro
O colostro armazenado deve ser descongelado em banho-maria à temperatura máxima de 45 a 50 graus Celsius para que as proteínas não desnaturem. Como os anticorpos são de natureza protéica, o aquecimento provoca sua desnaturação e perda da atividade imunizante.
Fonte: Arquivo ReHAgro
Conclusão
Práticas simples como estas, que muitas vezes são negligencias, podem determinar o sucesso ou não na criação de bezerras em qualquer propriedade.
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