sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Melhoramento genético, BOVINOS DE CORTE

O AMBIENTE E SUA IMPORTÂNCIA NO MELHORAMENTO GENÉTICO DE BOVINOS DE CORTE
A característica, qualquer que seja ela, peso, volume, medidas corporais, taxa de fertilidade, cor de pelagem; e qualquer que seja a forma de mensurá-la, é chamada de fenótipo. O fenótipo como o medimos, é uma expressão do genótipo (constituição genética) do indivíduo para aquela característica mais o componente de ambiente (clima, alimentação, manejo, saúde, etc.). Assim, representando-se fenótipo, genótipo e ambiente por P, G e E, respectivamente, tem-se que:

P = G + E (1)

No entanto, determinados genótipos resultam em fenótipos distintos em diferentes ambientes. A isto, chama-se interação genótipo-ambiente que pode ser representado por GE. Desta forma, a equação 1 transforma-se em:

P = G + E + GE (2)

Ao se medir os componentes de variância, que são importantes do ponto de vista genético, o componente de interação cria uma fonte de variação adicional e a equação 2 torna-se:

VP = VG + VE + VGE (3)

Quanto mais distantes forem os genótipos e/ou ambientes, mais marcante e fácil de identificar será o efeito desta interação. Esta interação pode se expressar de diferentes formas e intensidades, sendo que a mais extrema, pode ser representada pela seguinte condição:

Comparando-se duas raças, A e B, em dois ambientes X e Y, observa-se que, enquanto a raça A foi superior à B no ambiente X, a raça B foi superior no ambiente Y (Fig. 2).

FIG. 2. Ilustração da interação genótipo-ambiente em uma situação onde houve mudança de ordenamento da raça com o ambiente.Outra relação importante envolvendo genótipo e ambiente surge pelo tratamento diferenciado dado a determinados indivíduos, ou genótipos, como é o caso, por exemplo, de vacas leiteiras de alta produção que recebem suplementação concentrada em altos níveis. Outro exemplo comum, em gado de corte, é o tratamento diferenciado concedido a filhos de determinados touros que recebem leite de ama-seca e suplementação concentrada no cocho. Esta condição também altera a fórmula 2, pois ela cria uma correlação entre genótipo e ambiente. Neste caso, a variância fenotípica seria acrescida de duas vezes a covariância entre genótipo e ambiente, e a fórmula 3 seria:

VP = VG + VE + 2 COVGE, (4)

em que, COVGE representa a covariância entre genótipo e ambiente e é originada da maior semelhança entre estes indivíduos do que seria sob tratamentos aleatórios.

A existência dessas relações, principalmente da interação, e sua compreensão, é importante para a tomada de decisão de qual tipo de animal (raça ou cruzamento) criar, pois como já foi mostrado esta escolha não pode estar dissociada do ambiente.

No Brasil, o ambiente geral de criação caracteriza-se por: i) pastagens com predominância de gramíneas tropicais que são de baixa qualidade quando comparadas às gramíneas temperadas; ii) altas temperaturas; iii) alta radiação; iv) solos pobres; v) flutuação sazonal da produção de forragem, tanto em quantidade quanto em qualidade; e vi) alta presença de parasitos internos e externos.

Assim, ao se iniciar um programa de cruzamentos, é importante verificar, além dos itens mencionados em 2, a combinação de raça que é adequada, e o que pode ser modificado no ambiente. Em outras palavras, há necessidade de se buscar um biótipo adequado à condição de criação e ao mercado.

Em um sistema cuja meta final é produzir carne, nem sempre animais mais pesados são a solução. A função objetiva deve ser quilograma de carne de boa qualidade/ha/ano, o que nem sempre é conseguido com animais grandes, principalmente, se a meta deve ser alcançada considerando-se produção competitiva em sistemas de produção sustentados.

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