sábado, 23 de outubro de 2010

Biocombustível O combustível das (bio)massas

MrFusionQuem não se lembra da cena clássica em De Volta Para o Futuro 2, quando o Professor Emmet Brown estaciona o DeLorean na garagem de Michael J. Fox e coloca umas bananas e um pouco de cerveja num improvável reator que transforma lixo em energia? Pois é, a verdade é que o Mr. Fusion, o nome do tal reator, existe. Só não é pequenino como no filme. Nessa matéria, você vai entender melhor o que são Biocombustíveis em suas mais variadas formas: etanol, biodiesel, biogás.
Biocombustível é o combustível que vem de matéria biológica. Pode ser cana-de-açucar ou milho (no caso do etanol), pode ser mamona ou soja (biodiesel), pode até ser o resultado da fermentação do lixo ou o pum da vaca (biogás). As possibilidade são muitas, mas basicamente todo biocombustível provém da biomassa. Biomassa? É a energia que todo ser vivente (ou morrente, no caso de já ter passado para a próxima etapa dociclo de carbono) possui dentro de si. E, de certa maneira, tudo provém do Sol, mas não vamos entrar nisso pra não confundir mais ainda. Basicamente as plantas e algas acumulam energia com a fotossíntese e essa energia pode ser aproveitada nos mais diferentes pontos da cadeia alimentar, produzindo biocombustíveis. Essa energia é a biomassa.
Entre as vantagens dos Biocombustíveis sobre os combustíveis fósseis estão o fato de serem fontes renováveis, menos poluentes e biodegradáveis. Além disso, sua queima é carbono neutra: o que é lançado na atmosfera é a mesma quantidade que foi seqüestrada pela planta no seu crescimento. Se falarmos de fontes vegetais isso ocorre diretamente. No caso de fontes animais, como o combustível do estrume da vaca, o carbono havia sido seqüestrado pela planta que a vaca comeu. Nesse caso, dá até pra dizer que ela foi carbono negativa, já que o estrume jogaria o carbono na atmosfera de qualquer maneira e, dessa forma, pode ser utilizado para a produção de combustível.
O primeiro tipo de biocombustível é o etanol. Muito conhecido pelos brasileiros, o álcool etílico é utilizado desde os anos 70 como combustível no país. Ele também é a vedete do momento, que leva nosso presidente a viajar pra cima e pra baixo vendendo o Brasil como um grande gerador de energia renovável. A produção de Etanol é feita através da fermentação de plantas, que podem ser várias: cana-de-açúcar (mais utilizada aqui), milho (a campeã nos EUA), beterraba (França). Destes, o processo mais eficiente é o de cana-de-açucar, que joga em torno de 90% menos poluentes na atmosfera do que a gasolina. Esse valor varia de planta para planta. No caso do milho, é algo perto de 14% menos. Além disso, sua queima produz água e gás carbônico (e não monóxido de carbono, como nos combustíveis fósseis). Existe muita polêmica a respeito do etanol, seja pelo fato de que sua produção aumenta a pressão sobre os preços de alimentos, seja porque a produção de algumas modalidades, como o milho, utiliza muitos agrotóxicos, além de estudos mostrarem que mais energia é gasta na sua produção do que ele gera quando queimado (baixa eficiência energética). Existe também o etanol celulósico, que utiliza a celulose como base, e portanto, pode ser extraído de qualquer planta. Mas essa é ainda uma promessa para o futuro que discutiremos mais a fundo depois.
Biodiesel é a produção de combustível pela reação química entre óleos ou gorduras (animais ou vegetais) com um álcool. Para fazer biodiesel é necessário que a planta seja oleosa, por isso a escolha da mamona, soja, canola e afins. A vantagem do biodiesel é que ele pode ser produzido artesanalmente, a partir do óleo vegetal já usado. Além disso, não é necessário fazer qualquer modificação no motor à diesel fóssil para alimentá-lo (sem duplo sentido) de biodiesel. Só que, como o etanol, sua produção já começa a afetar preços e sua utilização é muito pequena: no Brasil passa a ser obrigatória a mistura de 2% de biodiesel no diesel normal a partir do ano que vem.
Já o Biogás é pouco conhecido, mas nada mais é do que a mistura dos gases metano e carbônico proveniente da fermentação anaeróbica (sem a presença de ar) de matéria orgânica, além de outros gases em menor quantidade. A receita é simples: pega-se a matéria orgânica, coloca-se no biodigestor, adiciona-se um pouco de água para dar liga e depois é só esperar (e coletar). Vale estrume de vaca, porcos, lixo orgânico doméstico ou mesmo animais e plantas mortas. Dá pra usar até o esgoto doméstico. O biogás pode ser utilizado da mesma maneira que o gás de cozinha ou o GNV. É muito útil, e até mesmo difundido, em fazendas e regiões rurais. Ele é especialmente interessante na redução do lixo e seu aproveitamento energético. Em São Paulo, dá pra visitar um biodigestor na CETESB. Embora eu não tenha encontrado o link para lá, eu mesmo já fui checar o local.
Entre todas as opções (que não se resumem a essas, embora sejam as mais importantes), o biogás, menos aproveitado, é o mais parecido com o Mr. Fusion. E, para ser sincero, seria algo que eu gostaria de ver mais. Afinal, daria um fim a dois problemas de um jeito só.


Fonte:http://nossoquintal.org/2007/10/29/biocombustivel-o-combustivel-das-biomassas/

Seja o primeiro a comentar!

Postar um comentário

Kontxt float

kontext intex

  ©MUNDO WEB ANIMAL - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo